O sábio,
com um só lábio,
diz mil verdades,
enquanto cala, com o outro, as mil maldades
que vê só de um olho,
porque o outro, zarolho,
é cego, para poder ver, na escuridão,
a multidão
que grita,
aflita,
e que só ele ouve com um ouvido,
já que o outro é surdo, está entupido,
para escutar só um som
do dom
que o ilumina
na mais pura neblina.
Paulo Abrunhosa in Diário de um Dromedário
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