quarta-feira, 24 de outubro de 2012

ZZ Ward - Put the Gun Down

Grande voz, grande som, grande letra...Depois nao digam que não avisamos...

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Passam-se os dias no silêncio.

Passam-se dias no silêncio das coisas,
As mesas e cadeiras não falam,
Os papéis muito menos.
Passam-se os dias no silêncio da alma,
E cansa falar só comigo,
Numa rotina que deixa fadiga.
Passam-se os dias no silêncio de ti,
E mata saber que sou nada,
Num ritual que deixou de existir.
Passam-se os dias no silêncio da vida,
Daquela que nunca tive,
Numa ilusão que acaba sempre a perder,
Em silêncio… como sempre deve ser.   

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Sublevação

Vivemos ao som de um déspota,
E já ninguém faz joeira.
Agora,
Neste momento,
Tudo é ruím!
Uma broca é necessário.
Romper,
Furar,
Encontrar saimento.
Vasculhar um novo fado.
Chega de comer palhada.
O tempo é de unir.
Encontrar sublevação.
Pois aqui, neste sofá,
Eu e o meu filadelfo,
Não voltamos costas à inconformação.

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Best Youth - Hang Out

Só podiam ser da Invicta...


sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Quese lixe a Troika.... e não só

Como nao poderia deixar de ser, o Faz Frio apoia e participa na causa... TODOS PARA A RUA!!

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Desculpa

Desculpa-me pelas horas tristes,
Pelos dias tristes,
Por eu ser triste.
Desculpa-me os maus momentos,
Os infernos e devaneios.
Desculpa-me as palavras,
As dores que te causei.
Desculpa-me a mágoa,
Desculpa-me o sofrimento.
Desculpa-me a desculpa,
Desculpa-me o indesculpável.
Mas nao me deculpes o amor.
Desculpa-me o caminho sinuoso,
E terei para ti uma estrada sem pedras.
Todas as desculpas serão poucas,
Mas este amor, para o qual não tenho desculpas,
Nunca será pouco.
Desculpa-me as promessas em vão,
Desculpa-me as lágrimas,
Desculpa-me a irracionalidade.
Desculpa-me com o teu perdão.

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Gabriel o Pensador - Linhas Tortas

Está tudo aqui, este Senhor volta em grande forma... Quem escreve, quem gosta de escrever tem de sentir aquele frio na barriga ao ouvir isto.

domingo, 25 de março de 2012

Pearl Jam - Better Man



Waitin', watchin' the clock, it's four o'clock, it's got to stopTell him, take no more, she practices her speechAs he opens the door, she rolls over..pretends to sleep as he looks her over..

She lies and says she's in love with him, can't find a better man.She dreams in color, she dreams in red, can't find a better man.Can't find a better manCan't find a better manOhh...

Talkin' to herself, there's no one else who needs to know; she tells herself..Oh...Memories back when she was bold and strongAnd waiting for the world to come along...Swears she knew it, now she swears he's goneShe lies and says she's in love with him, can't find a better man...She dreams in color, she dreams in red, can't find a better man...She lies and says she still loves him, can't find a better man...She dreams in color, she dreams in red, can't find a better man...Can't find a better manCan't find a better manYeah...

She loved him, yeah...she don't want to leave this wayShe needs him, yeah...that's why she'll be back againCan't find a better manCan't find a better manCan't find a better manCan't find a better... man...

domingo, 19 de fevereiro de 2012

Agora...

É no quebrar do tempo
Que sinto o que já fui.
Hoje, onde o tempo já não quebra,
Sinto que já pouco sou.
Um vasto e repleto vazio,
Uma mão com sangue,
Que o tempo parado sujou.
A dor da alma ferida,
O tal sabor salgado voltou.
Agora…
Agora é cravar as unhas na terra.
Subir, vir ao topo.
Voltar a surgir um brilho,
Voltar a sentir o corpo.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Amor burguês (de José Luís Peixoto)

Havemos de engordar juntos.

Normalmente, toda a gente está demasiado preocupada em colocar a barra que diz "cliente seguinte", estão ansiosos, nervosos, têm medo que aquele que está à frente lhes leve os iogurtes, têm medo de pagar o fiambre daquele que está atrás. Enquanto não marcam essa divisão, não descansam. Depois, não descansam também, inventam outras maneiras de distrair-se. É por isso que poucos chegam a aperceber-se de que a verdadeira imagem do amor acontece na caixa do supermercado, naqueles minutos em que um está a pôr as compras no tapete rolante e, na outra ponta, o outro está a guardá-las nos sacos.

As canções e os poemas ignoram isto. Repetem campos, montanhas, praias, falésias, jardins, love, love, love, mas esse momento específico, na caixa do supermercado, tão justo e tão certo, é ignorado ostensivamente por todos os cantores e poetas românticos do mundo. Bem sei que há a crueza das lâmpadas fluorescentes, há o barulho das caixas registadoras, pim-pim-pim, há o barulho das moedas a caírem nas gavetas de plástico, há a musiquinha e os altifalantes: responsável da secção de produtos sazonais à caixa 12, responsável da secção de produtos sazonais à caixa 12; mas tudo isso, à volta, num plano secundário, só deveria servir para elevar mais ainda a grandeza nuclear desse momento.

É muito fácil confundir o banal com o precioso quando surgem simultâneos e quase sobrepostos. Essa é uma das mil razões que confirma a necessidade da experiência. Viver é muito diferente de ver viver. Ou seja, quando se está ao longe e se vê um casal na caixa do supermercado a dividir tarefas, há a possibilidade de se ser snob, crítico literário; quando se é parte desse casal, essa possibilidade não existe. Pelas mãos passam-nos as compras que escolhemos uma a uma e os instantes futuros que imaginámos durante essa escolha: quando estivermos a jantar, a tomar o pequeno-almoço, quando estivermos a pôr roupa suja na máquina, quando a outra pessoa estiver a lavar os dentes ou quando estivermos a lavar os dentes juntos, reflectidos pelo mesmo espelho, com a boca cheia de pasta de dentes, a comunicar por palavras de sílabas imperfeitas, como se tivéssemos uma deficiência na fala.

Ter alguém que saiba o pin do nosso cartão multibanco é um descanso na alma. Essa tranquilidade faz falta, abranda a velocidade do tempo para o nosso ritmo pessoal. É incompreensível que ninguém a cante.

As canções e os poemas ignoram tanto acerca do amor. Como se explica, por exemplo, que não falem dos serões a ver televisão no sofá? Não há explicação. O amor também é estar no sofá, tapados pela mesma manta, a ver séries más ou filmes maus. Talvez chova lá fora, talvez faça frio, não importa. O sofá é quentinho e fica mesmo à frente de um aparelho onde passam as séries e os filmes mais parvos que já se fizeram. Daqui a pouco começam as televendas, também servem.

Havemos de engordar juntos.

Estas situações de amor tornam-se claras, quase evidentes, depois de serem perdidas. Quando se teve e se perdeu, a falta de amor é atravessar sozinho os corredores do supermercado: um pão, um pacote de leite, uma embalagem de comida para aquecer no micro-ondas. Não é preciso carro ou cesto, não se justifica, carregam-se as compras nos braços. Depois, como não há vontade de voltar para a casa onde ninguém espera, procura-se durante muito tempo qualquer coisa que não se sabe o que é. Pelo caminho, vai-se comprando e chega-se à fila da caixa a equilibrar uma torre de formas aleatórias.

Quando se teve e se perdeu, a falta de amor é estar sozinho no sofá a mudar constantemente de canal, a ver cenas soltas de séries e filmes e, logo a seguir, a mudar de canal por não ter com quem comentá-las. Ou, pior ainda, é andar ao frio, atravessar a chuva, apenas porque se quer fugir daquele sofá.

E os amigos, quando sabem, não se surpreendem. Reagem como se soubessem desde sempre que tudo ia acabar assim. Ofendem a nossa memória.

Nós acreditávamos.

Havemos de engordar juntos, esse era o nosso sonho. Há alguns anos, depois de perder um sonho assim, pensaria que me restava continuar magro. Agora, neste tempo, acredito que me resta engordar sozinho.


José Luís Peixoto, in revista Visão (Janeiro, 2012)