quarta-feira, 28 de julho de 2010

Desencanto

Eu faço versos como quem chora
De desalento... de desencanto...
Fecha o meu livro, se por agora
Não tens motivo nenhum de pranto.

Meu verso é sangue. Volúpia ardente...
Tristeza esparsa... remorso vão...
Dói-me nas veias. Amargo e quente,
Cai, gota a gota, do coração.

E nestes versos de angústia rouca
Assim dos lábios a vida corre,
Deixando um acre sabor na boca.

- Eu faço versos como quem morre.

Manuel Bandeira

1 comentário:

Lurdes disse...

Pena é não fazeres versos como quem vive com alegria e vigor, que te deixem na boca o doce sabor da vida, às xs, porém, o amargo faz parte para depois puderes dar o verdadeiro valor aos sentimentos e sabores.... Vive e sê feliz.
Como diz Dalai Lama:
"Só existe dois dias no ano que nada pode ser feito. Um chama-se ontem e o outro chama-se amanhã, portanto hoje é o dia certo para amar, acreditar, fazer e principalmente viver."
Bjinhos